AVES

O encanto das aves

As aves sempre exerceram importante papel na imaginação humana.

A possibilidade de alçarem voo, vencendo a gravidade, e a simbologia da liberdade constituem elementos de fascínio e deslumbramento, que influenciam a cultura e as artes.

Na literatura brasileira, tal encantamento foi imortalizado pelo saudoso poeta Manoel de Barros, nesse trecho de "O Apanhador de Desperdícios":


O poeta Manoel de Barros





"Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas 
mais que a dos mísseis. 
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo".









O que distingue as aves

Ao contrário do que para muitos possa parecer, a característica que mais diferencia as aves de outros animais é a presença de penas, e não de asas.

As aves são, ao lado dos morcegos, os únicos animais vertebrados com capacidade de voo. No passado, acredita-se que alguns dinossauros também tinham penas (as aves são parentes próximos dos répteis, com quem dividem um ancestral comum).

Na verdade, nem toda ave voa (o pinguim, por exemplo, não voa, embora seja um exímio nadador), e nem tudo o que voa é ave (o morcego, por exemplo, voa, mas é um mamífero).

Migração das aves

Algumas aves trocam de ambiente de acordo com a estação climática ou período reprodutivo, daí se falar em aves migratórias, em oposição às aves residentes. Algumas aves podem, ainda, não migrar quando jovens ou já muito velhas.

Reprodução das aves

Para grande parte das espécies, a reprodução tem início no final do inverno ou início da primavera, período, portanto, ideal para a prática da observação de aves ("birdwatching").

Na maior parte dos casos, as fêmeas são responsáveis por cuidar dos filhotes, daí a explicação, para alguns ornitólogos, de possuírem cores menos vibrantes do que os machos, camuflando-se, assim, com mais eficiência e aumentando a chance de esconder os ovos dos predadores.

Saí-azul macho (Dacnis Cayana)
Saí-azul fêmea (Dacnis Cayana)


Dicas para observação das aves

O melhor horário para observar aves é no início da manhã ou ao cair da tarde, momentos em que estão despertando ou então disputando território para o pernoite. A exceção está nas corujas e em outras aves de hábitos noturnos.

É importante fazer silêncio, e portar de preferência um binóculo leve com razoável capacidade de aumento e boa luminosidade (por exemplo 8 x 42mm, onde o primeiro número indica o aumento e o último a luminosidade, sendo uma boa proporção entre ambos a relação 1 para 5). Lunetas terrestres também são muito úteis para a observação em grandes distâncias.

Observação de psitacídeo com luneta terrestre

É recomendável portar um guia de campo que auxilie na identificação das aves observadas e um caderno ou aparelho portátil em que se possa registrar as espécies avistadas. Por outro lado, máquinas fotográficas com um boom zoom ótico irão enriquecer a experiência, facilitando o registro das espécies.

Em relação à vestimenta, uma boa dica é usar roupas leves e com cores compatíveis com o tom predominante do ambiente visitado, proporcionando, assim, uma boa camuflagem.

Não se deve esquecer de usar chapéu ou boné, além de protetor solar e repelente. O uso de uma mochila com água e mantimentos também deve ser considerado.

Pronto! Com um conhecimento básico das aves e dicas de observação você já pode sair para "passarinhar" e tornar mais interessante o seu contato com a natureza.

Essa atividade poderá, ainda, contribuir na difusão da consciência ambiental, tão necessária para a preservação das diferentes formas de vida de nosso planeta, além de auxiliar o trabalho de cientistas ornitólogos, com o fornecimento de dados sobre a ocorrência de espécies nos diferentes biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica).

Então, por que não aproveitar o dia e fazer uma boa "passarinhada"?



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