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| Irerê (Dendrocygna viduata) |
O Parque Eduardo Guinle, localizado no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, oferece ao morador da cidade grande uma rara oportunidade de observação de aves da família Anatidae, comumente caracterizadas pela presença de membranas nos três dedos dianteiros e por possuírem pernas curtas, bicho achatado e plumagem espessa e impermeável.
O acesso ao Parque é bastante facilitado pela proximidade do metrô do Largo do Machado e o local conta com policiamento ostensivo durante boa parte do dia.
No último dia 18 de julho retornei pela primeira vez ao Parque, especialmente para observar e fotografar as aves da região. Em minha primeira visita, já há alguns anos, ainda não praticava o "birdwatching", mas não posso negar que os simpáticos "patinhos" já despertavam muito a minha atenção.
Na pequena lagoa central, coração do Parque, há um grande número de patos (como o irerê da foto), além de um casal de ganso-chinês (Anser cygnoides) e até mesmo de cisne-negro (Cygnus atratus), espécies que não ocorrem no Brasil! Então me perguntei: como eles foram parar ali?
Em busca de uma resposta, conheci um frequentador do local que me contou que as aves são alimentadas com restos de uma feira-livre que acontece em uma das ruas próximas e que há alguém, não se sabe ao certo se uma bióloga, que cuida dos bichinhos.
Naquele dia, um sábado de inverno ensolarado, observei muitos pais oferecendo sacos de biscoito aos filhos para alimentarem os "patinhos" e daí me ocorreu outra pergunta: que tipo de impacto esse comportamento poderia produzir sobre a saúde dessas aves a longo prazo?
É inegável o fascínio que patos, marrecos, gansos e cisnes exercem sobre crianças e adultos, possivelmente por permitirem uma aproximação incomum no universo das aves, mas por que não haver um maior esclarecimento da população acerca de sua dieta, que, até onde pude me informar, é predominantemente vegetariana?
Algum tipo de informação sobre o comportamento dessas aves também seria muito bem-vinda, já que o local é frequentado por um grande número de crianças e o casal de ganso-chinês não é exatamente essa simpatia toda, mostrando-se bem agressivo na disputa por comida e defesa do território (cheguei a vê-los próximo ao asfalto de uma das ruas do entorno, com o peito estufado e vocalizando bem alto).
Uma das boas notícias é que a Prefeitura do Rio de Janeiro, em 26 de fevereiro último revitalizou o espaço infantil do Parque. Aproveitando essa iniciativa, por que não firmar convênios com universidades ou centros de pesquisa para o monitoramento das aves da região? Afinal, as implicações sanitárias da situação encontrada parecem evidentes.
Mesmo diante desses inconvenientes, o Parque Guinle continua sendo uma excelente área de lazer e um dos locais públicos mais aprazíveis da cidade maravilhosa, e por isso merece também a sua visita!
Esse post não termina aqui: ao longo da semana, no Instagram do Aves & Árvores, você poderá ver outras fotos das belas aves que frequentam o Parque Guinle. Acompanhe!
Lindo esta foto deste Irerê! Com você aprendi a contemplar melhor o que está a nossa volta, em nosso dia a dia. Obrigada filho.
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